domingo, 22 de abril de 2012

Lisístrata - uma guerra diferente

Durante o Festival de Teatro de Curitiba, na programação paralela do Fringe, entre os dias 05, 06 e 07 de abril, o auditório do Centro Feminino de Cultura do Paraná esteve lotado. O espetáculo Lisistrata, Sedução e Poder, montagem realizada pela Ferrata Produções em parceria com a OSS, sob a direção de Loana Terra, deu o que falar. Adaptado do texto original de Aristófane, a peça já não teve a mesma função de quando foi encenada pela primeira vez, em 411 A.C., mas de divertir com uma pitadinha de crítica política e social.


No elenco, Cristine Ferro, Fernanda Rocha, Flavia Santos, Fran Neneve, Gustavo Tredezini, Marcio Campos, Milaine Sena, Rodrigo Seco, Sarah Castilho, Loana Terra, Nicole K, Diego Rocha e Vitória Lins. Jul Leardini fez a sonoplastia. Alex Marques a iluminação e Eliane França cenografia e figurinos.


Lisístrata é o nome de uma comédia antiguerra escrita por Aristófanes em 411 a.C..
Na época em que foi escrita, Atenas atravessava um período difícil de sua história. Abandonados por seus aliados, os atenienses tinham ao redor das muralhas de suas cidades as tropas de Esparta. Essa luta fratricida enfraquecia a Grécia, pondo-a à mercê dos Persas e Medos. A peça de Aristófanes, faz uma crítica severa a essa guerra, envolvendo as mulheres das cidades gregas na Guerra do Peloponeso, lideradas pela ateniense Lisístrata, que decidem instituir uma greve de sexo até que seus maridos parem a luta e estabeleçam a paz. No final, graças às mulheres, as duas cidades celebram a paz. No Brasil, fizeram traduções do grego Adriane da Silva Duarte, Ana Maria César Pompeu, Mário da Gama Kury (este, contudo, fez adaptação para representações modernas).
Loana Terra fez uma nova adaptação da linguagem para os dias atuais, o que resultou numa comédia hilária. 



sábado, 21 de abril de 2012

Viola caipira na Casa Mandicuéra

Na foto podemos vê-los atentos às orientações dos mestres. Integram o grupo de aprendizes de viola de fandango, que nas tardes de sábado deixam a cidade de Morretes e seguem para a Ilha dos Valadares, em Paranaguá onde se unem aos outros alunos da Casa Mandicuera.
Viola Caipira         Viola de Fandango
Passam horas trabalhando a posição dos dedos e os acordes cuidadosamente indicados por Mestre Zeca. O esmero ajuda na transição de um a outro instrumento. São tocadores de viola caipira e serão tocadores de viola de fandango.
 No dia 30 de março, foram para o almoço e levaram seus instrumentos. Enquanto Denis Lang preparava a carne na chapa do fogão à lenha, exercitavam sequências e ritmos com o apoio de Aorélio Domingues. Mas depois do almoço e antes da tarde fandangueira nos presentearam com boas modas de viola, levadas com a simplicidade de quem toca com e por prazer.
 A habilidade à mostra, no improviso e sem esforço, remete ao comprometimento no aprendizado do fandango. Postura de músicos que se apropriam da própria cultura e a transmitem, com honestidade. João Batista S. De Andrade e Fernando Nunes Cordeiro enriquecem as manifestações culturais do litoral paranaense.


Fotos Erly Ricci e Silzi Mossato

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Aula de Fandango na Casa Mandicuéra


Aorélio nunca pára. Está sempre fazendo alguma coisa, e quase nunca pra si mesmo. Ministra aula de viola fandangueira, ritmos do fandango caiçara, marcas e versos, concede entrevista, lida na cozinha, ensina a construção de instrumentos típicos da cultura caiçara (rabeca, viola, adufo, caixa, machete e viola) e ainda supervisiona o trabalho dos outros na Casa Mandicuéra, tudo ao mesmo tempo. Em 28 horas de convivência, das quais mais de 8 foram de conversas sobre seu trabalho, Aorélio tocou viola, rabeca, adufo, ensaiou para a Romaria do Divino Espírito Santo (cuja saída para as ilhas e comunidades do litoral paranaense será nesta sexta-feira, 13), supervisionou o trabalho dos fabriqueiros como ele chama os alunos do seu atelier de lutheria, atendeu ao pessoal do teatro que fizeram duas apresentações na Casa e ainda recebeu os diversos visitantes e amigos e contou algumas piadas sobre a rivalidade entre as duas cidades portuárias do Paraná, Antonina e Paranaguá. Sempre de bom humor e disposto, Aorélio não dormiu mais do que duas horas, de sábado para domingo.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

TRADIÇÃO, RESGATE E TRANSFORMAÇÃO


                                                                                        Texto e fotos: Silzi Mossato


Mestre Zeca é o último dos antigos tocadores de rabeca da Ilha dos Valadares. Aorélio Domingues, o primeiro da nova geração. Não foi aluno de Zeca, mas é parceiro na formação da nova geração de cantores e tocadores de fandango. O menino irrequieto cresceu na Ilha. Ao lado do avô Rodrigo Domingues vivenciou não só a dança e a música de sua gente, mas o fabricação dos instrumentos. Observando e imitando os antigos, aprendeu a tocar rabeca e viola, mas também a valorizar a própria gente e suas manifestações.

Marcio Pontes R. Ribeiro (aluno e aprendiz na oficina de construção de instrumentos), Aorélio, Mestre Zeca e Luis Fabiano Corujinha (aluno de rabeca)


 Mestre Zeca, Luis Fabiano Corujinha, Fernando Nunes Cordeiro (aluno de viola de fandango) e João Batista de Andrade (aluno de viola de fandango)





Aorélio cresceu, deixou a Ilha, cursou Artes Plasticas na EMBAP – Escola de Música e Belas Artes do Paraná - ganhou os salões de desenho do estado e voltou às origens para não deixar que o grande patrimônio imaterial de sua infância e adolescência desaparecesse.
Na direção da Casa Mandicuera cria e recria os instrumentos, buscando aperfeiçoar a arte. E a ensina. Mas vai além. Toca, canta, coordena atividades do espaço que recebe e acolhe participantes e visitantes.

Entre a distribuição de atividades, a contribuição na aula dada por Mestre Zeca e a participação nas cantorias, conta causos, faz pegadinhas e fala das atividades da Casa Mandicuera, afirmando que “ a proposta é fazer a gurizada viver o universo do fandango”. E em 28 horas de convivência, entre o inicio da tarde do sábado, dia 31 de março e o final da tarde de domingo, 01 de abril de 2012, constatamos que a proposta se realiza plenamente. E vai além. A Casa recebe e apoia outras manifestações. Durante o almoço feito no fogão à lenha, a cantoria do fandango dá lugar às modas de viola, entoadas por alunos e integrantes do grupo. Na Capela e Museu Vivo do Fandango, construída pelos participantes do grupo, os ensaios para a Romaria do Divino entram na noite. Na tarde de domingo, duas encenações da Tato Criação Cênica lotam o auditório montado especialmente para o evento.
Detalhes da Capela:
Representação do Divino e as bandeiras da Romaria

                                                Aorélio mostrando os objetos do museu


Em tempos de homogeneidade forjada pela desqualificação e consequente desaparecimento de muitas manifestações populares, a Casa Mandicuera dá lição a ser seguida. Resgata e transforma a própria cultura, oferece espaço de convivência e aprendizado, valoriza e dá sustentação aos talentos emergentes. E do meu ponto de vista, Aorélio exercita na Casa, a função paterna, organizativa e estrutural, que tem desaparecido e deixado crianças, jovens e adultos sem rumo.
Moda de viola; João Batista e Fernando com acompanhamento de Miguel Martins (Mamangava)

Mestre Zecca e mamangava com Eloir Paulo Ribeiro de Jesus (Poro), presidente da Associação,
 
 Ensaio de Marcio e Denis Lang (fabriqueiro, toca viola e estuda rabeca)

Durante o próximo mês integrantes do grupo Mandicuera percorrem parte do litoral paranaense com a Romaria do Divino. A trajetória será divulgada pelo site www.mandicuera.com. neste período serão postados diferentes vídeos das atividades na Casa Mandicuera, pelo Projeto Interface.